terça-feira, 28 de abril de 2009

Epitáfio

Se morresses hoje o que deixarias para a posteridade? O que quererias que fosse escrito na tua lápide? Haveria lápide? Deixarias algo escrito? Quem se lembraria de ti? E por quanto tempo? Assume que és, vive porque existes, és real para alguns, insignificante para quem não imagina sequer que tu estás aí, desleal para quem considera que o/a traíste, cortês para quem sempre foste atencioso, pensador para quem só partilhaste conjecturas, emocional para quem dedicaste o teu amor, brilhante para quem surpreendeste positivamente, desilusão para quem não tiveste desculpa, desgosto para quem nunca conseguiu tanto quanto te deu ou lá perto... Porque foste, és e serás............. 

7 comentários:

Epicuro disse...

Nada. Devaneios de filmes que não farao sobre mim quando morrer. A lápide dispenso. Tudo o que deixo escrito, existe porque nâo foi ouvido, a minha vida, que sirva alguém melhor do que me serviu a mim. Nâo posso assumir que vivo porque existo, nâo sâo coisas iguais, existo sim, mas viver ... Isso é totalmente diferente.
Também nâo sou nada do que descreveste, fui tudo isso mas de forma passageira, vejo-o agora, do passado tem de ficar a vida, as memórias, não um vislumbre de uma centelha perdida aqui e ali, dispersa por uma vida desconexa que nunca viu rumo.
Já nâo sei mais como pedir ajuda e o facto de ter de o fazer só confirma a irrelevância dos meus passos. Já me custa andar.
Desculpa mas nâo sou, jà duvido ter alguma vez sido e certamente nâo serei.

soy yo disse...

Mas qrs msm que ouçam tudo o q escreves? A ideia da vida voltar a viver em quem a vestir agrada-me sobremodo, fazes-me contudo lembrar "se há vida em mim eu n sei, se há vida em mim eu não vivi". essa da vida e do existir foi de facto muito epicurista "vivo logo existo"... eu sinto-me mt mais proxima do "sou,logo existo".
qt à efemeridade das coisas, o duradouro que buscas creio que está nos valores e nos ideais... agarra-te a algo!!!!! do caos nascem certezas... se tns que te destruir fá-lo, mas nasce das cinzas como a fénix...
qt ao ajudar, já to disse.

Epicuro disse...

A fénix em algumas lendas chegava a carregar elefantes em voo, é muito peso...
"If you look for long enough at the abyss, it will start looking back at you" Deve ser a PDI mas já não me lembro quem disse isto.
Já não me vejo a chegar a Heliópolis...

soy yo disse...

isso é Nietzsche, há duvidas?
n precisas de ir para heliopolis, há outras cidades "prometidas"... é preciso ir ...

ilusorius disse...

Porquê a necessidade de sermos lidos após a morte? Quem nos lerá? Um resumo de mim mesmo na pedra fria não roubará a virtude dos poemas que escrevinhei na terra quente, que perpetuei nos espelhos incertos que moldei com o meu respirar impreparado? No fundo pouco conta que se esqueçam de mim. Esquecerão. Importa é que eu não me esqueça de mim com base na esperança de que os outros nunca mais me esqueçam.

intuitos disse...

A posteridade é algo dos deuses e não dos homens. A lápide é em si mesma a negação do ser. O ser é palavras enquanto vive e pó quando esmorece.

Epicuro disse...

Não tenho a necessidade de ser lido depois da morte, tenho sim necessidade de que haja algo para ser esquecido, o que só acontecerá se primeiro for recordado.
As palavras perdem-se e, com elas esmorece o ser, muito antes de chegar ao pó que muitos nunca deixam de ser. Sim, a posteridade é para os deuses, a vida não é um meio para um fim, é fim em si mesmo.
Para nós só existe o trajecto entre o nascer e o morrer, quando este é matemáticamente recto (a distância mais curta entre dois pontos) e não passa de um acumular de passos que damos somente porque não conseguimos deixar de o fazer, ai somos em nós próprios a negação do ser.