sexta-feira, 13 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Só por existir


O que já pensei e já li, o que já ouvi e sonhei, o que já vivi e senti, de algum modo se baseou naquilo que é o meu sentido da existência, que reconstruo nas outras variáveis. Ter um sentido de existência pode ser precisamente não ter sentido. Talvez se possam fazer tipologias de sentidos existenciais, mas sem duvida que nenhum sentido é absolutamente igual; haverá nestes sentidos imans invisiveis que criam laços indissoluveis entre os seres? 

" - Sonhar me deixa muito cansado. Dá um trabalhão danado, sonhar. (...)Cure-me de sonhar, doutor.
- Sonhar é uma cura.
- Um sonhadeiro anda por aí, por lonjuras e aventuras, sei lá fazendo o quê e com quem... Não haverá um remédio que me anule o sonho? (...) Todos elogiam o sonho, que é o compensar da vida. Mas é o contrário, doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos.
- Sonhar só o faz ficar mais vivo.
- Para quê? Estou cansado de ficar vivo. Ficar vivo não é viver, Doutor. (...) Eu vivo tão sozinho que nem doença tenho para me acompanhar.
- Cabe-me a mim avaliar as suas doenças.
-Eu hei-de morrer de nada, só por acabar de viver.
- Mas hoje não, hoje não morra que é domingo.
(...) Domingo é dia de janela (...) à janela vai acenando. de que vale estar à janela se não é para dizer adeus?" (Couto, 2008, p.17)