domingo, 28 de dezembro de 2008

Necessidade humana de Deus


Naquilo que seria uma conferência vi-a agradavelmente transformada numa tertúlia sobre a (in)existência da necessidade de Deus no início deste mês na Nova Acrópole. É interessante constatar num público diversificado a convergência de respostas por palavras tão distintas, as nuances que se camuflam e os pontos que se tocam em realidades próprias e contextuais. É sentir o eu a vibrar pelo contacto com a multiplicidade de perspectivas. 
É a oportunidade para citar Gonçalo M. Tavares: " Tenho a convicção de que um escritor acredita mais na palavra deus do que em Deus propriamente dito (...) Para descrever o aparecimento da Surpresa no mundo não há decreto-lei, mas haverá certamente um verso. Para a descrição da Repetição não existirá um verso, mas um decreto-lei que a entende, explica e prevê. A vida inteira encontra-se, assim, coberta por palavras. Apenas com vinte e seis letras e dá nome a todas as coisas do mundo e se explicam os inteiros movimentos de todas as coisas do mundo. O que se conseguiria então, se o alfabeto tivesse vinte e sete letras? Há quem considere aliás que o brutal desconhecimento de Deus se deve precisamente à ausência desta última letra do alfabeto. E a qualquer Língua falta uma letra. Terminámos cedo demais e, assim, ficámos com os Mistérios no mundo" (2008, p.23).

1 comentário:

Epicuro disse...

De volta à escrita? Muito bem.
Fico contente.
Não percas agora o hábito.